A maturidade é frequentemente associada a um grande trauma. Recentemente, ouvi de um filósofo que a maturidade era uma escolha. Refleti sobre essa afirmação e cheguei à conclusão oposta: a maturidade, na verdade, é um processo muitas vezes desencadeado por um trauma. É, sim, um grande trauma. Vamos analisar essa ideia. Se considerarmos a definição de maturidade, que envolve a capacidade de tomar decisões ponderadas, enfrentar desafios, aprender com experiências passadas e manter relações interpessoais saudáveis, percebemos que ela está associada à responsabilidade, prudência e inteligência emocional. Para atingir qualquer um desses estados, geralmente precisamos passar por um evento marcante.
Por exemplo, alguém pode se tornar mais conservador após perder todo o dinheiro em apostas, ou aprende a lidar com o amor após uma perda significativa. Portanto, a maturidade pressupõe um trauma, está ligada às negativas que recebemos e às frustrações que enfrentamos. Está associada a todas as experiências que vivenciamos e como as internalizamos. É interessante notar que não mencionei a idade. Embora frequentemente se associe maturidade à idade, elas não estão intrinsecamente ligadas.
Pessoas de 50 anos podem ser mais imaturas do que jovens de 18. A maturidade está conectada à capacidade de ouvir e negar quando necessário. Envolve compreender que muitas vezes é preciso abrir mão dos nossos próprios desejos e superar o ego. Associamos maturidade à idade porque são as crianças que, muitas vezes, precisam ter suas necessidades atendidas e agem como se fossem o centro do mundo. Ser maduro pode parecer chato, tedioso e até desagradável. Há momentos em que simplesmente não conseguimos manter essa postura o tempo todo; cedemos aos desejos, negociamos com a prudência e, eventualmente, perdemos o controle. No entanto, é saber lidar com essas situações, reconhecendo nossas falhas e imaturidades, que nos humaniza e nos torna conscientes, e isso também é parte da maturidade